quarta-feira, 21 de maio de 2008

Erdinger Dominical

Janeiro de 2007. Domingo à tarde, um sol de rachar, perfeito para um chopp com os amigos. Perfeito para olhar o caos dos aeroportos sentado no sofá de casa. Mas como sou sortudo, adivinhem quem me esperava na porta de casa? O motorista da empresa. Estava indo para Aracaju com o Matheus, um colega do trabalho. Por sinal, só o Matheus já daria um post. O cara viaja tanto quanto eu só que tem um detalhe: ele morre de medo de avião.

Chegamos em Guarulhos e descobrimos que o nosso vôo estava com cinco horas de atraso. Resolvemos almoçar no restaurante On the Rocks, onde apresentei a Erdinger para o Matheus. Estávamos de frente para uma televisão da Infraero acompanhando o nosso vôo, quando estávamos na segunda Erdinger quando a TAM confirmou o embarque para perto das 15:00. Ainda tínhamos mais quase três horas de espera, ou cerca de cinco Erdingers para cada um.

Por volta das 13:30 o Matheus começa a ficar nervoso, apesar do nosso vôo estar indicado na televisão como “Checkin Aberto”. Falei pra ele relaxar, quando mudasse para “Embarque Próximo” pediríamos a conta e com muita calma nos deslocaríamos até o portão de embarque, afinal eu estava de muletas. Mas não consegui mudar a cabeça do meu colega, ele queria ir para o portão de qualquer forma. Tentou me comprar com a promessa de uma latinha quando chegássemos e teve sucesso.

Senti o gosto da vitória quando chegamos no portão de embarque, ele estava quase vazio. Olhei para o meu amigo e falei que se não fosse a pressa dele, estaríamos bebendo uma Erdinger. Ele não se conformou com a derrota e foi no balcão da TAM perguntar da previsão de saída, voltou branco como cera e já entrando em desespero me disse que o embarque já tinha encerrado. Fui correndo no ritmo das muletas até o balcão para confirmar a história.

A moça disse que o embarque já havia encerrado, a porta fechada, o finger retirado e que portanto não existia a possibilidade de embarcar naquela aeronave. Eu mostrei a televisão da Infraero aonde o nosso vôo continuava como “Checkin Aberto”, como eu podia adivinhar que estavam embarcando? A moça disse que não podia fazer nada, que o avião estava fora do finger. Numa última tentativa desesperada, eu mostrei as muletas, aleguei que não podia correr e aleguei que as informações da televisão eram de responsabilidade da empresa aérea. O Matheus estava a ponto de surtar.

A moça disse que iria entrar em contato com o comandante e verificar a possibilidade do nosso embarque. Momentos intermináveis de tensão e finalmente ela avisa que poderemos embarcar. Agora ela tinha que procurar o operador do finger, que demorou mais uns longos e torturantes minutos para chegar.

A porta foi aberta e não fomos recebidos com o costumeiro sorriso de boas vindas da comissária, ela nos dirigiu um “boa tarde” mais frio que a Erdinger tomada a pouco. O avião estava lotado exceto pelos nossos assentos. A medida que avançamos no corredor a horda de passageiros irados com o atraso nos dirigiam os mais diversos palavrões e insultos. Com certeza fomos eleito os culpados pelo atraso na saída do vôo.

Com as nossas orelhas vermelhas, sentamos em total silêncio. Quando começou o serviço de bordo pedimos amendoim e cerveja. Recebemos o amendoim e estamos esperando até hoje pelas duas latinhas. Acho que até as comissárias estavam bravas com a gente, mas foi sacanagem misturar o lado pessoal com o lado alcoólico.

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