Todo mundo que conversou comigo por mais de 17 minutos sabe da adoração que tenho por qualquer tipo de bicho.
Não é segredo para ninguém que tenho predileção por gatos. Não escondo que sou apaixonado pela Funny. Ela é uma gata siamesa nascida em agosto de 1991, mora com meus pais, teoricamente se fosse um humano ela teria por volta de 96 anos e já conheceu quatro cidades (Sampa, São José dos Campos, Taubaté e Itu).
Essa Senhora tem história, já teve duas ninhadas, passou por uma quase-falência renal e foi testemunha nada silenciosa dos acontecimentos dos últimos dezessete anos da minha família.
Um dos seus descendentes, o Lennon esteve conosco durante quinze anos. Infelizmente ele não herdou o lado “vaso ruim” da mãe e uma pneumonia cortou o barato dele. Pior que o gato não fumava e tinha uma vida saudável.
Mas voltando a gata... ela também já foi alvo das minhas histórias.
Aqui cabe uma pequena explicação. Ao contrário do que todos falam, gatos são fiéis, gatos se apegam aos donos, gatos são amorosos e gatos não são do mal. A prova vem no final da história. Fim da explicação...
Funny, a Escada e Eu
Em algum dia de 1995, estava sozinho em casa com meu pai. Minha mãe tinha viajado e o meu irmão estava fora.
Meu pai tinha acabado de me dar uma bronca por ter deixado algum prato ou copo (talvez os dois) no meu quarto. Conforme ordenado subi as escadas e a Funny veio atrás de mim. Peguei as coisas, realmente era um prato, talheres e um copo. Empilhei tudo e fui levar para a cozinha. A gata veio junto como sempre, passando entre as minhas pernas. Comecei a descer as escadas tentando equilibrar a louça e me desvencilhar da gata.
Como a coordenação motora não é a minha maior qualidade, me atrapalhei, pisei na Funny. Pra não esmagar a gata, joguei toda a louça pra frente (imaginem a cena!!) e me apoiei no corrimão e na parede oposta. Meu pai achou que eu tivesse caído da escada ou coisa parecida, tamanho foi o barulho e meus palavrões.
A Funny foi direto para cozinha e ficou acuada em um canto, inicialmente achei que fosse susto. Quando cheguei perto vi que tinha feito zubice com a gata, ela estava respirando de forma estranha e alguns minutos depois ela vomitou. Eu e o meu pai vimos que a coisa tinha sido feia e resolvemos levar a gata no veterinário. Primeiro por nos preocuparmos com ela e depois por nos preocuparmos com a reação da minha mãe se alguma coisa errada acontecesse.
A veterinária deu o diagnóstico rapidinho, a gata estava com duas costelas quebradas. Não houve nenhum dano interno, nenhuma hemorragia, nenhum dano. Só as pequenas costelas quebradas. Cerca de um mês depois a gata tava zerada.
A Funny, a Balada e Eu
Alguns anos depois de deixar a Funny com as costelas fora do padrão natural, voltei de alguma balada com a caveira cheia de álcool. Mas naquela noite, como não estava dirigindo avancei o sinal. Me deixaram em casa, resolvi ficar na sala vendo televisão.
Como de costume, a gata veio ver que movimento era aquele, me viu e ficou toda feliz ao meu lado. Fui até a cozinha tomar água na tentativa de cortar os adiantados efeitos do álcool e fazer a sala parar de girar.
Pensei que alguns minutos no sofá poderiam ajudar melhorar o meu estado e estabilizar a sala.
Engano meu, o sofá também estava girando, tanto ou mais que a cozinha ou a sala. Cochilei algum tempo, absorvi mais um pouco da cerveja que estava no meu organismo e o sofá se tornou um dos piores lugares para se estar naquela noite.
Numa última tentativa de estabilizar o conjunto sala-sofá, sentei e esperei algum sinal de melhora. A Funny se irritou com todo o meu movimento (ou do sofá), desceu e ficou no chão me olhando. Do meu ponto de vista bêbado nem pensei no risco eminente que a azarada corria.
Enquanto estava sentado no sofá-carrosel-roda-gigante, uma força começou a nascer no fundo da minha alma. Uma espécie de força libertadora que traz a paz e tranqüilidade aos enfermos. Uma tentativa desesperada do meu corpo em voltar para seu estado pré-balada.
E veio a “redenção”. Infelizmente a “redenção” veio em um fluxo único, sem controle. Tentei ir ao lavabo para o próximo fluxo de “redenção”, a Funny inadvertidamente veio atrás com a maior boa intenção do mundo. A segunda onda de “redenção” foi adiantada quando levantei do sofá e tentei andar sem coordenação motora. E a “redenção” veio na Funny.
Sim meus amigos, podem me denunciar para o Greenpeace, Sociedade Protetora dos Animais, PROCON e outros.
Nem vi o que tinha feito com a gata. Limpei meus rastros de “redenção” da sala e fui para cama. Na manhã seguinte fui acordado pela minha mãe mais brava do que nunca e pelo meu pai atrás dela segurando o riso. Levei uma comida de #@$* por ter bebido, levei outra por ter vomitado na pobre gata.
Neste meio tempo aparece a Funny na porta do meu quarto, ainda molhada pelo banho, vem ao meu lado e se esfrega nas minhas tremulas pernas. Existe amor maior que este?
3 comentários:
Estou apaixonada pela Funny.
E por você também!
(Violinos tocam ao fundo) heheh
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