Conforme prometido, vou descrever a quase tragédia que o PESSOA aprontou na destilaria Mezcal Mestico de Oaxaca, como testemunha ocular, posso garantir que nenhum animal foi machucado durante este relato e que nenhuma propriedade foi danificada. O único dano foi a moral do PESSOA.
Na primeira parte da visita, lá nas plantações de Maguey Espadim, PESSOA já estava morrendo de vontade de ir ao banheiro, mas a visita estava interessante, apesar de não entender quase nada que o guia falava. Imagine a cena: você leitor, branco como um papel, andando debaixo de um sol mexicano, meio inchado pelas bebedeiras dos dias anteriores.
PESSOA reuniu, suas últimas forças que não estavam segurando a bexiga, ultrapassou alguns velhinhos que estavam juntos ao guia e perguntou sobre um sanitário. Ele apontou uma construção a uns 200 metros de onde estavam. Saiu andando o mais rápido que suas tremulas pernas deixavam. Parecia que nunca chegaria, mas a heresia de estragar um Maguey fazia PESSOA continuar sua árdua jornada.
Quase como aquela maratonista suíça que chegou cambaleando na olimpíada de 1984, PESSOA chega em uma porta, sem pestanejar ele abre e alivia de toda aquele fardo que ele carregava. Talvez a pressa de aliviar, ou a vista acostumada com a luminosidade, ou talvez os shots de Mezcal tomados nas outras visitas fizeram com que PESSOA não visse aonde estava aliviando. Só notou que havia algo de muito estranho quando uma horda de gansos corria e grasnava em sua direção.
No mais puro extinto de auto-preservação, PESSOA guardou as “jóias da família” com muito medo daqueles bicos afiados e furiosos, em um movimento que faria qualquer ninja morrer de inveja. Em um segundo, mas não tão rápido movimento, PESSOA pegou um pedaço de pau e passou a gritar palavrões em português para os gansos, talvez por não entenderem o que estava sendo dirigido para eles, os gansos continuavam na sua corrida. Ou talvez ele estivessem bravos por PESSOA ter se aliviado na casa deles.
Os gansos chegaram a poucos passos da sua casa, PESSOA levantou o pedaço de pau que havia pego no chão, pronto para se defender e o guia veio correndo e gritando: “¡No lastima los gansos!”. O guia começou a bater os braços como uma galinha gigante, emitir chiados em espanhol e os gansos se mudaram de rumo. PESSOA corre para perto do guia, que por algum motivo se afastou da mão de PESSOA.
Passado o susto, o Guia tentou explicar que os gansos eram responsáveis por comer pequenos besouros que infestam e podem matar o Maguey. Por muito pouco PESSOA não derrubou uma lagrima, pensando que podia ter batido e até matado os anjos da guarda do Mezcal. Como forma de compensar os produtores do Mestico de Oaxaca, PESSOA comprou quatro garrafas da última safra de Añejos. O peso na consciência diminuía a medida que os primeiros goles de Mezcal desciam pela garganta.
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