Naquele dia acordei como de costume.
O pequeno apartamento parecia menor ainda, minha cabeça estava gigante, eu estava atrasado pro trabalho... sai correndo e nem olhei pra bagunça deixada para trás.
Estava chovendo, o trânsito parado e eu quase arrependido por ter saído com o Perna na noite anterior.
Passei no hotel em Moema para pegar dois colegas de trabalho (Waldir e Assis) e fomos ainda debaixo de muita chuva, em direção ao escritório na Juscelino Kubitscheck (Zona sul de Sampa pra quem é de fora). Levamos mais uns 40 minutos pra percorrer uns 5 quilômetros.
Manhã normal, tirando o fato da cabeça ainda estar um pouco inchada.
Acabamos de almoçar e tudo parecia querer melhorar. Minha cabeça estava quase boa, a barriga zerada, pronto para encarar a tarde.
Estávamos voltando pela Rua Leopoldo Couto de Magalhães (paralela à JK) quando escorrego, ouço um barulho de galho seco quebrando e caio sentado em cima da minha perna.
Até agora só enchi lingüiça.... a parte boa começa agora...
Quando me dei conta, estava deitado no chão molhado. Meu pé estava quebrado no meio da canela, totalmente fora de esquadro com o resto da perna.
Nos primeiros segundos não senti dor alguma (achei estranho) até tentar me movimentar e sentir a maior dor da minha vida até aquele momento.
A partir deste ponto, a trilha sonora até o final do post é composta por uma seqüência de todos os palavrões já ouvidos pela humanidade, intercalados com a frase: “Ai que dor!” ou “Tá doendo!”.
Juntou aquele monte de gente e no fundo e eu achava engraçadas as expressões de espanto e dó. Estava deitado na calçada e daquele ângulo era bem engraçado.
Como desgraça pouca é bobagem, voltou a chover (ZICA Nº 01).
Alguém colocou uma sombrinha sobre minha cabeça (e a perna? Era ela que estava ruim..... ).
Meus colegas (os mesmos da carona matinal) tentavam ligar para o escritório para avisar o povo. Tentei pegar o meu celular no bolso da calça. Ele estava desligado e só alguns dias depois descobri que ele também havia quebrado, infelizmente no caso dele foi fatal (ZICA Nº 02).
Chegou o povo do escritório. A Raquel me emprestou sua bolsa para colocar na minha cabeça (o melhor travesseiro que já deitei). O Sigueo acalmou o Waldir e o Assis que já estavam nervosos e tentava, sem muito sucesso me acalmar.
O resgate foi chamado e chegou rápido. Mais uma vez os bombeiros mostraram porque são a instituição mais admirada e confiável.
Nessa hora aprendi várias lições práticas:
1. Lembra quando sua mãe pede para não usar cuecas ou meias furadas porque pode ir parar no hospital? Sim, eu estava de meias furadas.
2. Nunca quebre a perna com uma calça nova. Os bombeiros vão cortar e a calça vai pro lixo.
3. Sempre ande com sua carteira. Eu só tinha o Vale Refeição, o crachá e o cartão de acesso á empresa.
Depois da tarefa hercúlea ao me colocarem na viatura, fomos para o hospital.
Os bombeiros perguntam para o Sigueo: “O Luciano tem plano de saúde?”. O sigueo diz que sim e que vai ligar para o RH e perguntar o número do meu convênio.
Por padrão, os bombeiros levam todos para hospitais públicos, exceto quem tem convênio. Como eu não estava documentado fui encaminhando ao Hospital Universitário (ZICA Nº 03).
No percurso, o Sigueo me avisa que o nosso plano de saúde estava bloqueado por problemas no pagamento (ZICA Nº 04). Mas a expressão dele era serena como um Samurai quando disse: “Mas Lu, isso não é problema né? Você ainda tem o seu plano particular...”. Quando respondi que havia cancelado uns 10 dias atrás, até um dos bombeiros deu risada (ZICA Nº 05).
O Sigueo me tranqüilizou dizendo que a empresa pagaria todas as despesas que eu tivesse.
FIM DA 1ª PARTE
Um comentário:
Zuba,
Impossível não passar mal de rir com suas histórias... algumas conheço de longa data, mas algumas.... kkkk figurinha!
Bjs
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