Nem me lembro qual era o mercado, mas dificilmente vou esquecer do resto da história.
Sai do mercado cheio de planos e fomos direto pro Motel Vegas, na Marginal Pinheiros (região de Santo Amaro). Aquele clima de romance no carro só foi quebrado for uma pequena fila na entrada do estabelecimento.
Vamos falar sério, não tem coisa mais tosca que fila pra Motel, principalmente na saída.....
Finalmente chega a nossa vez, escolhemos uma suíte dentro das nossas rendas de universitários e agora nada iria nos impedir de sair dali.
Tirei o pé da embreagem, virei o volante para direita e ouvi um barulho vindo da roda. Mas tinha uma coisa muito estranha: o carro não andava. Repeti todo o processo outra vez e nada! Só um barulho metálico muito estranho e o carro exatamente na mesma posição.
O clima dentro do carro começava a perder o romance e se enchia de perguntas. O clima na fila começava a esquentar e não era pela promessa de romance nos próximos minutos.
Para o total e completo desespero da minha namorada, um segurança chega na minha janela e pergunta se está tudo bem. Eu, com aquela cara de interrogação respondo que o carro não quer andar. Ele empurra o carro até a área de espera para horda de furiosos que se encontrava atrás do meu carro passar.
Imaginem a cena: você num motel com sua namorada constrangida, envergonhada e querendo evaporar daquele carro, com toda a fila de já-não-tão-furiosos clientes do estabelecimento passando ao lado do seu carro e olhando indignados.
Numa desesperada tentativa de recuperar minha auto-estima e a moral com a moça, desci do carro e abro o capô. Como se eu fosse algum mecânico-mágico, por que só assim para resolver um problema desses dentro de um motel e sem nenhuma ferramenta a mão. Como não sou mecânico e muito menos mágico, voltei pra dentro do carro com a moral zerada, a libido assassinada e a noite só começando.
Avisei a moça que o carro não iria mais andar sem um guincho ou um mecânico de plantão e que ambos os casos, seria muito constrangedora a presença dela no motel. Eu iria chamar um táxi e pedir para ele deixa-la em casa. Depois de garantir a integridade física dela, que o taxista não era nenhum Maníaco do Parque, ela concordou em ir embora com a promessa que quando eu cegasse em casa ligaria para ela.
Naquela longínqua época celular era artigo de luxo, acessível somente a poucos mortais. Não precisa nem falar que eu não tinha. Liguei para o meu pai e pedi o telefone da seguradora. Já estava amigo do pessoal da recepção, outro favor, outra ligação e finalmente consegui agendar o guincho.
A seguradora disse que em até 40 intermináveis minutos o guincho chegaria ao local. Obvio que demorou quase o dobro que isso, já tinha ganho um drink de cortesia das mocinhas da recepção quando o guincho finalmente chegou.
Segundo grande mico da noite: tentar colocar um guincho dentro de um motel. Depois de várias tentativas, chegamos a conclusão que motoristas de guinchos não podem ir ao motel com sua ferramenta de trabalho. O segurança e o motorista empurraram o carro pra fora do motel e lá ele foi colocado em cima do guincho.
Levamos o carro até a minha casa e ainda tive que agüentar meu pai tirando sarro da minha cara, no dia seguinte o mecânico veio buscar o carro e deu o diagnóstico: homocinética quebrada.