segunda-feira, 30 de junho de 2008

Fretes e Carretos

Queridos Leitores, muitas mudanças no horizonte, praticamente uma empresa de fretes e carretos do mundo dos blogs:

A Carol mudou o blog de endereço.

Estou mudando de cidade: de São José dos Campos para Itu.

Estou mudando de emprego: saindo da SadeFem e indo para a Serccom.

Estou mudando de função: saindo da área Comercial de Geração Hidrelétrica e indo para área de Contratos de Geração Hidrelétrica.

Estou mudando de salário: mas isso é um problema meu... hehehhe

Aproveito para agradecer a todos os colegas que deixei na Sade, alguns deles fiéis leitores deste blog. Alguns ainda vão me aturar em eventuais visitas ao escritório da Paulista, com o único objetivo de biritar e fofocar. Outros vão me aturar em bares de Sampa ao invés do Peixoto ou dos outros bares de São José e Jaca-City.

Aprendi muito nestes anos, cresci profissionalmente e o que mais interessa aos leitores: colecionei muitas histórias que serão contadas por aqui com o tempo.

domingo, 29 de junho de 2008

O Poste Suicida - Parte 2

Acordei na segunda bem cedo. Minha cabeça estava gigante depois de uma péssima de sono, me sentindo como se tivesse brigado com uma namorada ou feito uma besteira grande. Mas já tinha um plano e agora era só colocar em pratica.

Fui até a Meca das lojas de auto-peças, a Voli. Por algum golpe de sorte, naquela manhã eu tinha algum dinheiro no bolso, o suficiente para comprar um pára-choque, dois pacotes de Durepoxi, folhas de lixa diversas e uma lata de spray na cor do carro. Coloquei tudo no espaçoso porta-malas da Carmosina, rumei para casa e teve inicio a reforma de emergência.

Tirei o pára-choque avariado, com muita dor no coração eu raspei a tinta que estava no amassado da lataria e preparei a massa de Durepoxi. Preenchi o espaço da batida, lixei e esperei por intermináveis cento e vinte minutos até a secagem completa da massa milagrosa. As duas horas pareciam dias no meu mundo ansioso, peguei alguns jornais velhos e cobri as outras partes da lataria que não deveriam receber o spray, cobri o piso da garagem para evitar respingos e comecei o trabalho de pintura. Ao final das três demãos, esperei cento e oitenta minutos pela secagem da tinta. A montagem do pára-choque não teve nenhum segredo, eram só quatro parafusos.

Serviço terminado, olhei com orgulho para a minha obra de arte. Estava irretocável, melhor do que antes. Na terça à noite meus pais chegaram de viagem, ele olhou a quilometragem e ainda elogiou o banho que o carro tinha recebido. Final perfeito para um plano perfeito... ou não?

Alguns anos depois, aquele pedaço de Durepoxi caiu, porque o funileiro que fez o serviço esqueceu de passar um verniz na lataria afetada e ele enferrujou. Nessa época fiquei sem jeito e vermelho de vergonha. Meu pai perguntou se eu sabia alguma coisa a respeito e eu disse que não, que o carro deveria ter sido comprado assim. Ele alegou que o pára-choque da frente era muito mais novo que o de trás, que nenhum funileiro usa Durepoxi, entre outras coisas. Não tive saída a não ser confessar o meu crime.

Passado algumas horas da bronca, fui perguntar das diferenças que ele encontrou. Meu pai falou que na quarta-feira de Cinzas ele já sabia da fraude. Fiquei de boca aberta! O meu serviço era a prova de peritos. Meu pai, com a calma que só um mineiro pode ter, me explicou que o pára-choque traseiro estava enferrujado e o dianteiro não. Me disse que esqueci o saco de lixo com as caixas de Durepoxi, as lixas usadas e as latas de spray no fundo de casa.

terça-feira, 24 de junho de 2008

O Poste Suicida - Parte 1

Nas minhas primeiras semanas com a Carmosina, a marcação era serrada. Pior que o Herrera no jogo contra o Ixpóti, só que sem um Bando de Loucos para apóia-lo. Não podia ir para a escola, não podia voltar tarde, não podia dar carona para os amigos, não podia levar o meu irmão sozinho e o maior absurdo de todos: não poderia aproveitar o carnaval.

Enfim chegava o meu tão sonhado primeiro carnaval motorizado. O sonho de todo pequeno homem, o limite era aonde a minha mesada podia me levar... ou seja, nada além dos limites da zona sul de Sampa.

Meus pais e o Tarugo saíram de casa no sábado bem cedo, iriam passar o carnaval na próspera e pujante Monsenhor Paulo. Antes da saída, fui bombardeado com pedidos para não usar o carro à noite, não beber, não dar carona aos amigos, não ir a festas, não ir longe, entre milhares de outros. Meu pai olhou a quilometragem do carro e disse que eu podia rodar no máximo cem quilômetros. Eles saíram de casa e eu experimentei a liberdade quase total pela primeira vez na minha vida.

Foi tudo tranqüilo no sábado, obedeci cegamente as ordens e procedimentos recomendados. No domingo perdi o medo e andei nas marginais, na vinte e três de maio e mais algumas avenidas da zona sul, uma verdadeira aventura para um novato. Ainda bem que a cidade estava vazia, ninguém fazia idéia do risco que corriam se aproximando daquela Marajó bege. A noite pensei no maior desafio de todos: ir até o Mr. Sheik (nem existe mais) da Av. Domingos de Morais. Como uma prévia do meu eterno senso de direção equivocado, errei o caminho e tive que fazer uma gambiarra para corrigir.

Entrei em uma rua estreita e o meu eterno senso de espaço equivocado me pregou a primeira peça, fui fazer o balão para retornar e um poste metálico ficou no caminho. Pior que isso, além de ficar no caminho ele não me viu, não se manifestou, não balançou a placa me chamando a atenção... o maldito simplesmente não deu sinal de vida. Até hoje acho que ele forçou a batida para entrar com um processo no futuro.... Para o azar dele, ele só teve pequenos arranhões, saiu um pouco da tinta. Já a Carmosina, tadinha! Seu para-choque ficou torto e amassado, a lataria atrás do para-choque também foi afetada e ficou bem amassada. Voltei para casa sem a comida do Mr. Sheik, com um coração despedaçado por ter machucado a Carmosina e querendo destruir o poste suicida. Passei aquela noite pensando no estrago e na punição que receberia dos meus pais. No mínimo só poderia voltar a dirigir no século 21.

Depois de muito pensar, chorar, refletir e imaginar uma saída menos dolorosa, achei uma solução: trocar o para-choque e arrumar o amassado. Mas não havia tempo para levar a um funileiro normal durante o carnaval. Eu mesmo teria que fazer o serviço. Tinha um plano!!!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Carmosina

Assim que a vi em Março de 1992, foi amor à primeira vista.

Acordei na manhã daquele sábado doido para ver logo o meu presente. Sonhava a dias com um Gol preto ou prata. Sai da cama correndo e fui olhar na garagem.... nada. Meu primeiro carro ainda não havia chegado. Fiquei mais ansioso que o normal, mas não tinha o que fazer, ainda não existiam celulares ou outra forma de contato com os meus pais. Só me restava esperar os segundos passaram muito lentamente. Meu irmão veio compartilhar a ansiedade comigo, afinal o interesse era todo dele também. A nossa tão sonhada liberdade chegaria em breve.

Depois de uma espera quase interminável, minha mãe chega. Levantei do sofá e fui correndo para a garagem, esperando pelo meu pai e pelo meu novo carro. Recebi a triste noticia que o meu pai tinha ido ao supermercado com o MEU carro novo. Pela minha experiência, isso queria dizer quase uma hora de espera. Fiz um inquérito com a minha mãe e não consegui extrair nada, nenhum detalhe sobre o tão sonhado objeto do desejo.

Mais alguns instantes de tortura e finalmente meu pai chega em casa.... corri para garagem e não vi o meu Gol preto. Tinha uma Marajó bege parada na frente da garagem. A principio pensei ser algum folgado que havia parado ali. Mas quando meu pai saiu, percebi que não haveria nenhum Gol. Percebi que a partir daquele momento eramos somente eu e a Marajó.

Nos primeiros minutos ficamos nos olhando de longe, achei a cor esquisita, achei o desenho esquisito, achei muito velha (já tinha 10 anos), achei que não combinava comigo e acabei me aproximando mais, perdendo o medo. Entrei no carro e fui dar uma volta.... o câmbio tinha só quatro marchas, o interior era franciscano, desprovido de qualquer luxo. Os únicos luxos do carro eram um toca-fitas RoadStar e um equalizador Tojo.

Depois de alguns minutos saboreando o prazer de dirigir aquele carro fiquei apaixonado, ela ganhou um nome: Carmosina. Eu tinha a minha liberdade e um RoadStar. Nossa relação durou cerca de dois anos, quando ela foi trocada pelo saudoso Raimundo (Jeep Willys 1957).

Nos próximos posts, algumas das nossas histórias.

img2 Isso é uma Marajó, imaginem ela bege.

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Interior luxuoso e ricamente equipado
roadstar2 Toca-fitas RoadStar que equipava a Carmosina
tojo O maior luxo da Carmosina, um equalizador Tojo.

sábado, 14 de junho de 2008

O sonho acabou...

O sonho acabou.... já dizia o padeiro ou John Lennon.

Mas valeu pela viagem com a Carol, pelos novos amigos e pra variar pelas histórias.

Na quarta não trabalhei direito, esperei o tempo passar no mesmo ritmo que as pedras andam... Meio dia, encontrei a Carol em Guarulhos e fomos desfrutar dos nossos últimos minutos de conforto na sala VIP da TAM, tomei dois chopps, a Carol beliscou alguns petit fours e uma Coca. Uma repórter da Band nos entrevistou e perguntou sobre ingressos e sobre nossa ida a Recife. Chegamos à sala de embarque e ouvimos nossos nomes sendo chamados no sistema de som, quase perdemos o vôo e dessa vez a culpa seria minha.

Durante o vôo para Salvador, sentamos na frente de duas grandes figuras (Paulinho e Carlão) e passamos o tempo todo falando besteiras e pensando no jogo. Além de nós quatro, deveriam ter mais uns dez Corinthianos, entre eles um operador da Globo, um figura e apresentador do programa Propaganda Futebol Clube (Evandro). Em um vôo normal, é comum ouvir umas poucas latinhas de Sol ou Xingu sendo abertas, naquele dia elas eram maioria, seria um esquenta para o jogo?

Escala em Salvador. Renovamos nossas cervejas. Encontramos com mais Corinthianos e alguns torcedores do Ixpóti. Rumamos para Recife. Em teoria, deveria ganhar mais uma latinha no vôo, mas quando o carrinho chegou na minha poltrona, adivinhem... acabou tudo. Fiz cara de pidão e de choro, tanto que o comissário achou mais uma Xingu perdida (cerveja preta = sinal de vitória do Timão). Nessa etapa, o pessoal estava mais animado, cantamos mais e depois do pouso o copiloto foi ovacionado depois da Comandante Duda avisar que ele era Corinthiano e que tinha feito o pouso.

O aeroporto estava lotado de Corinthianos, mas nenhuma confusão. Pegamos um táxi para o estádio com o Evandro e começamos a nos preocupar com os ingressos. Ligamos para o meu colega (Sena) que estava desembarcando e tinha conseguido os ingressos com um cambista. Deixamos o Evandro no estádio e estávamos a meio caminho do aeroporto para encontrar o Sena quando liguei para o pessoal da Gaviões e recebi a noticia que nossos ingressos estavam garantidos. Mudamos de rumo e fomos felizes para o hotel. Primeiro ponto de destaque da noite, a organização da Gaviões. Saímos do hotel com os ingressos na mão.

Rumamos para o estádio, assistimos o jogo e no inicio do segundo tempo a Carol resolveu sair de perto da Camisa 12 (outra organizada do Corinthians) porque eles davam azar. Deveriam dar azar mesmo. Quando fui descer da arquibancada enrosquei minha coxa em um bumbo e fiz um belo estrago.

Fim do tormento, ou melhor do jogo. Saímos do estádio e fomos pegar um táxi para voltar ao aeroporto. Segundo ponto de destaque da noite, a Polícia de Pernambuco, que escoltou a triste torcida Corinthiana e ficou ao nosso lado o tempo todo. Conseguimos garimpar um táxi e fomos para o aeroporto com o Paulinho e o Carlão. Engraçado que a cidade estava calma, nenhuma grande festa ou comemoração por onde passamos. Eita torcida esquisita.

Chegamos no aeroporto, aquele clima de velório só foi quebrado pelas long necks que o Carlão trouxe e nos presenteou. A Carol se isolou tomada por uma tristeza súbita e justificada. Ficamos bebendo, lamentando, criticando e fazendo devaneios sobre o jogo. O Sena e o Rafael (seu filho) se juntaram ao nosso grupo e continuamos lamentando e bebericando.

Infelizmente nosso vôo para Sampa era as seis da matina, nossa energia acabou, fomos fazer o check in e dormir no chão do aeroporto esperando pela hora de voltar para casa, para os amigos anti-corinthianos e para vida normal.

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Empolgado com os ingressos na mão
 
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Empolgados durante o jogo
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Minha coxa, dois dias depois de colidir com um bumbo da Camisa 12.

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Carol, a mendiga pós-jogo

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Caixa Postal

No momento não posso atendê-lo, estou a caminho de Recife para ver o TIMÃO ser Campeão da Copa do Brasil.

Por favor, após o sinal deixe seu recado que retornarei assim que possível.

PPPIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

Na verdade talvez demore a retornar em função das comemorações pelo Titulo.

Talvez eu largue tudo, compre um quiosque e fique em Recife.

Aguardem novidades nos próximos dias.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Uma noite muito Louca - Parte 03: A Volta

Saímos do tal bote em desabalada carreira e fomos em direção a Sampa. Olhávamos para trás, certos que seriamos perseguidos por uma horda de micos, pelo sindicato das Damas da Noite ou na pior das hipóteses pela turma do caiçara. Tudo ainda parecia muito non sense, bizarro demais para entender. Para completar, meu irmão estava preocupado com uma fita K7 (nossa como estou velho!) que havia esquecido no bote e o Juliano com a carteira que ele achava que estava no carro.

Pegamos a estrada, ainda meio ressabiados com possíveis ataques de micos, macacos ou qualquer parente distante do coitado que alimentamos no bote. Passava um pouco das quatro da matina, ainda estávamos ligados a ponto do Ju pensar em tomar uma saideira em alguma padóca (padaria) de Sampa se ele achasse a carteira. A discussão evoluiu ao ponto de encostarmos o carro na subida da serra para uma busca mais detalhada. Nada, nenhuma pista. Mas do alto da nossa sabedoria, imaginamos que ela poderia ter caído durante a corrida pela Interligação, parecia óbvio!!!

Chegamos na Interligação. Pediram para ir mais devagar. Pediram para encostar o carro. Queriam procurar a carteira. Afirmavam que era ali que a corrida mais bizarra da história dos esportes bizarros tinha acontecido. Liguei o pisca-alerta e os dois foram para o canteiro central. Fiquei no carro pensando com meus botões o que um policial acharia da nossa história se fossemos abordados.

Eles não encontraram a carteira e fomos embora. Algumas centenas de metros depois acharam o lugar outra vez, mas agora era certo e exato. Em minutos estávamos outra vez na estrada. O processo repetiu-se inúmeras vezes até o raiar de um novo dia.

Algumas longas horas depois, estava na minha cama refletindo sobre essa noite louca. Pensando na carteira do Ju, sozinha lá na Interligação. Sobre o que fizemos.

Hoje, mais de dez anos depois, olhando para trás acho errado e condenaria o que fizemos com o mico e com a Dama, apesar de não ter maiores conseqüências. Hoje a carteira do Ju continua perdida. Se um dia você passar pela Interligação e tiver sem pressa, diminua a velocidade e preste atenção ao canteiro central. Se achar alguma pista do paradeiro mande um e-mail.

sábado, 7 de junho de 2008

Uma noite muito louca - Parte 2: O Bote

Chegamos em Santos por volta da uma da madrugada e começamos a procurar por um boteco. A busca se mostrava cada vez mais difícil, quase todos os barzinhos estavam fechados ou prestes a fechar, os botecos abertos pareciam perigosos até para os nossos padrões mínimos de segurança, passamos por um pequeno “bote” que estava aberto e que mudaria todo o curso dessa história.

O lugar era bem precário, um pequeno quiosque com algumas mesas de metal. Tão sujo e escuro quanto só um bote poderia ser. Tudo levava a crer que iríamos tomar a cerveja que procuramos a um preço que só um bote faz por você.

Exceto pelo “bartender”, o local era ocupado por uma figura bizarra: um caiçara caindo de bêbado e um miquinho. Sim queridos leitores eu disse, ou melhor escrevi: um pequeno símio. Pedimos duas Antarcticas, um saquinho de amendoins, sentamos numa mesa enferrujada e começamos a beliscar. O Juliano ofereceu um amendoim para o miquinho e foi repreendido pelo caiçara, que disse que o mico não podia comer e o ameaçou das piores torturas deste e de outros mundos.

A atitude mais correta e ajuizada que deveríamos tomar era obedecer as ordens e evitar as pragas e ameaças do caiçara. O caiçara estava tão entretido com uma Dama da Noite que havia acabado de chegar ao bote, que nem reparou nos amendoins que foram dados ao pequeno símio. Neste momento cometemos o nosso primeiro grande erro da noite, mas pelo visto o erro era só sob o nosso ponto de vista, já que o mico gostava de amendoins, porque comia vários.

Essa Dama da Noite recém chegada no bote era uma mistura de Elba Ramalho, Dercy Gonçalves e Elke Maravilha. Uma vasta cabeleira em um corpo surrado com a graduação alcoólica próxima a uma garrafa de Pitu. Neste momento cometemos nosso segundo erro da noite, começamos a depositar alguns pequenos objetos na vasta cabeleira da dama. Começamos por bolinhas de papel (dezenas), perdemos o medo o colocamos alguns amendoins, nos arriscamos colocando algumas folhas secas. Em algum momento alguém perdeu a noção e colocou uma bituca de cigarro “apagada” naquele ninho de sujeira.

Olhei para aquela árvore de natal bizarra e ri (hoje parece coisa sem graça, eu sei). A graça acabou quando reparei em um fio de fumaça saindo do alto da cabeça dela, pedi a opinião do meu irmão e do Ju, que confirmaram a minha suspeita. O meu irmão, imbuído de um grande senso de ajuda tratou de apagar o inicio de incêndio. Cometemos nosso terceiro grande erro da noite: apagamos com um copo de cerveja. A cena era tosca, a Dama lembrando uma árvore de natal cujas lâmpadas brancas entram em curto e iniciaram um incêndio, de tão bêbada ela só viu a “brincadeira” quando a cerveja apagou o estrago.

Com toda a razão do mundo ela começou a nos xingar, mesmo sem saber que não ficou careca por pouco (ela não tinha se tocado). O dono do bote estava começando a nos olhar feio quando o mico passou mal. Na verdade ele desceu da cadeira onde estava vendo toda aquela cena e vomitou alguns amendoins não digeridos. O caiçara ficou furioso com a nossa desobediência e quis partir para porrada, sendo contido pelo dono. Ainda tive a frieza de pedir dinheiro para o Ju, ele teve mais frieza ainda em olhar no bolso da calça, não achar a carteira e dizer que ela estava no carro.

Como em uma peça de teatro louca, era a nossa deixa para sair de cena. Acertei a conta com o dono do bote enquanto meu irmão e o Ju negociavam nossa integridade física com o caiçara. O dono me avisou que era melhor irmos embora enquanto podíamos, já que a Dama tinha ido buscar reforço e o caiçara estava a ponto de explodir.

Tomamos a primeira decisão acertada da noite e partimos de volta para Sampa, mas a história dessa noite ainda estava longe de acabar.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Uma noite muito louca - Parte 01: A Ida

Numa noite de sábado qualquer de 1996, eu, meu irmão e o Juliano estávamos pensando em alguma coisa para preencher o nosso tempo e nos divertir um pouco. Nenhuma balada parecia ter graça, nenhum boteco nos atraia, nenhuma calçada de 7-11 nos chamava e continuávamos angustiados. A única solução era sair de Sampa e procurar alguma coisa fora.

Fazer um bate-e-volta no Guarujá estava fora de questão, se somássemos nossas posses não teríamos dinheiro para a gasolina e para o pedágio. A única possibilidade ao nosso alcance era um bate-e-volta para Santos. O Juliano disse que conhecia uns “botes” (estabelecimentos piores que botecos) perto da balsa para o Guarujá. E deu-se inicio a mais louca das noites.

Saímos de casa, colocamos o mínimo de combustível necessário para ir e voltar a Santos, sem nenhuma reserva. Pagamos o pedágio na rodovia dos Imigrantes e o dinheiro que sobrou era a conta de bebermos em Santos e voltarmos pra casa, sem dinheiro para uma bala.

Quando chegamos na Interligação da Imigrantes com a Anchieta estava uma neblina mais densa que um muro de concreto. Não era possível ver mais de meia dúzia de olhos-de-gatos na estrada. Para minha surpresa, o meu irmão do nada ordena que eu pare o carro no acostamento. Ainda tentei argumentar que era perigoso, que tinha neblina... mas era impossível, ele já havia descido e o Ju ia atrás dele.

Neste momento vi uma cena, que até aquele minuto julgava uma das mais bizarras da noite: ambos abaixaram as calças até a altura do tornozelo e ficaram só de cuecas. Fiquei sem palavras, rindo e espantado ao mesmo tempo, o Ju olha pra mim e diz: “Porra Shibas! Nós vamos apostar uma corrida até o outro lado da pista. Quer vir também?”. Falei que eram loucos, que iriam morrer, que iam cair no canteiro central e se machucar.... Mais uma vez não fui ouvido, eles já estavam a competindo.

Passados alguns minutos de tensão, terror, raiva e curiosidade eu começo a ouvir algumas risadas. Consigo ver alguns vultos saindo da neblina, mas poderiam ser eles, uma vaca, um motoqueiro ou a minha imaginação. Os dois chegam perto do carro, bufando feito dois maratonistas desprovidos de juízo e bom senso, sobem as calças na maior cara de pau do mundo e voltam para dentro do carro. Fomos direto para a baixada santista.

Só para constar, até hoje não foi declarado nenhum vencedor. Segundo me contaram, ambos se empurraram e se digladiaram na grama do canteiro central, tanto na ida como na volta.

domingo, 1 de junho de 2008

Esquenta para o jogo do Timão

Noite de quarta-feira passada estava parado no trânsito da avenida Morumbi, acompanhado da Carol e da Mari. Estava tudo parado em direção ao cercadinho dos bambis, onde eu estava prestes a ver um dos jogos mais emocionantes até hoje.

As duas não paravam de falar nem para respirar, os assuntos iam desde a corrida presidencial americana, o conserto do meu carro e o jogo que iríamos assistir. Neste meio tempo, recebi uma ligação do meu querido e amado chefe. Ele estava em uma reunião, e queria minha humilde opinião sobre a embarque de um rotor kaplan para a África do Sul. Como o assunto da minha ligação não era exatamente interessante, as duas voltaram ao seu papo variado.

Alguns minutos depois, ainda estava ao telefone quando ouço a Carol falar para Mari: “Quando chegar aos 60kg vou andar pelada na rua!!”. Eu ainda tentei olhar para elas e pedir para falarem as besteiras em um volume mais baixo. Mas era tarde demais, do outro lado da linha meu chefe já estava rindo. Para o meu completo terror o meu chefe não ria sozinho, ouvi algumas risadas conhecidas e perguntei envergonhado: “Cumpadi, nós estamos no viva-voz??”.

Preciso dizer que sim? Ouvi os comentários mais variados, em meio as risadas da Carol e da Mari, quase histéricas. Ouvi pedidos para avisar quando a Carol chegasse aos 60,100kg. Ouvi pedidos para registrar o momento.... Ouvi a voz e risada do Presidente de uma divisão da empresa onde o meu chefe estava reunido... Ouvi comentários durante toda essa semana.

Passado está pérola, estávamos subindo a ponte da avenida Morumbi sobre a Marginal Pinheiros quando o trânsito para mais uma vez. Havia um Passat bem velhinho sendo empurrado ponte acima, a Mari solta outra: “Olha Lu, com o que você gastou no seu carro, poderia ter comprado uns dois desses.”. Não sei ainda se o sarcasmo foi dirigido ao gasto com o meu carro ou para a sorte dos amigos Corinthianos.

Tudo isso foi um sinal do que estava por vir, a cerveja e o sanduiche de calabresa compartilhados com a Mari no caminho para o estádio (a Carol se absteve dessa parte). Sem falar na vitória do Timão!