quinta-feira, 19 de junho de 2008

A Carmosina

Assim que a vi em Março de 1992, foi amor à primeira vista.

Acordei na manhã daquele sábado doido para ver logo o meu presente. Sonhava a dias com um Gol preto ou prata. Sai da cama correndo e fui olhar na garagem.... nada. Meu primeiro carro ainda não havia chegado. Fiquei mais ansioso que o normal, mas não tinha o que fazer, ainda não existiam celulares ou outra forma de contato com os meus pais. Só me restava esperar os segundos passaram muito lentamente. Meu irmão veio compartilhar a ansiedade comigo, afinal o interesse era todo dele também. A nossa tão sonhada liberdade chegaria em breve.

Depois de uma espera quase interminável, minha mãe chega. Levantei do sofá e fui correndo para a garagem, esperando pelo meu pai e pelo meu novo carro. Recebi a triste noticia que o meu pai tinha ido ao supermercado com o MEU carro novo. Pela minha experiência, isso queria dizer quase uma hora de espera. Fiz um inquérito com a minha mãe e não consegui extrair nada, nenhum detalhe sobre o tão sonhado objeto do desejo.

Mais alguns instantes de tortura e finalmente meu pai chega em casa.... corri para garagem e não vi o meu Gol preto. Tinha uma Marajó bege parada na frente da garagem. A principio pensei ser algum folgado que havia parado ali. Mas quando meu pai saiu, percebi que não haveria nenhum Gol. Percebi que a partir daquele momento eramos somente eu e a Marajó.

Nos primeiros minutos ficamos nos olhando de longe, achei a cor esquisita, achei o desenho esquisito, achei muito velha (já tinha 10 anos), achei que não combinava comigo e acabei me aproximando mais, perdendo o medo. Entrei no carro e fui dar uma volta.... o câmbio tinha só quatro marchas, o interior era franciscano, desprovido de qualquer luxo. Os únicos luxos do carro eram um toca-fitas RoadStar e um equalizador Tojo.

Depois de alguns minutos saboreando o prazer de dirigir aquele carro fiquei apaixonado, ela ganhou um nome: Carmosina. Eu tinha a minha liberdade e um RoadStar. Nossa relação durou cerca de dois anos, quando ela foi trocada pelo saudoso Raimundo (Jeep Willys 1957).

Nos próximos posts, algumas das nossas histórias.

img2 Isso é uma Marajó, imaginem ela bege.

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Interior luxuoso e ricamente equipado
roadstar2 Toca-fitas RoadStar que equipava a Carmosina
tojo O maior luxo da Carmosina, um equalizador Tojo.

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