terça-feira, 3 de junho de 2008

Uma noite muito louca - Parte 01: A Ida

Numa noite de sábado qualquer de 1996, eu, meu irmão e o Juliano estávamos pensando em alguma coisa para preencher o nosso tempo e nos divertir um pouco. Nenhuma balada parecia ter graça, nenhum boteco nos atraia, nenhuma calçada de 7-11 nos chamava e continuávamos angustiados. A única solução era sair de Sampa e procurar alguma coisa fora.

Fazer um bate-e-volta no Guarujá estava fora de questão, se somássemos nossas posses não teríamos dinheiro para a gasolina e para o pedágio. A única possibilidade ao nosso alcance era um bate-e-volta para Santos. O Juliano disse que conhecia uns “botes” (estabelecimentos piores que botecos) perto da balsa para o Guarujá. E deu-se inicio a mais louca das noites.

Saímos de casa, colocamos o mínimo de combustível necessário para ir e voltar a Santos, sem nenhuma reserva. Pagamos o pedágio na rodovia dos Imigrantes e o dinheiro que sobrou era a conta de bebermos em Santos e voltarmos pra casa, sem dinheiro para uma bala.

Quando chegamos na Interligação da Imigrantes com a Anchieta estava uma neblina mais densa que um muro de concreto. Não era possível ver mais de meia dúzia de olhos-de-gatos na estrada. Para minha surpresa, o meu irmão do nada ordena que eu pare o carro no acostamento. Ainda tentei argumentar que era perigoso, que tinha neblina... mas era impossível, ele já havia descido e o Ju ia atrás dele.

Neste momento vi uma cena, que até aquele minuto julgava uma das mais bizarras da noite: ambos abaixaram as calças até a altura do tornozelo e ficaram só de cuecas. Fiquei sem palavras, rindo e espantado ao mesmo tempo, o Ju olha pra mim e diz: “Porra Shibas! Nós vamos apostar uma corrida até o outro lado da pista. Quer vir também?”. Falei que eram loucos, que iriam morrer, que iam cair no canteiro central e se machucar.... Mais uma vez não fui ouvido, eles já estavam a competindo.

Passados alguns minutos de tensão, terror, raiva e curiosidade eu começo a ouvir algumas risadas. Consigo ver alguns vultos saindo da neblina, mas poderiam ser eles, uma vaca, um motoqueiro ou a minha imaginação. Os dois chegam perto do carro, bufando feito dois maratonistas desprovidos de juízo e bom senso, sobem as calças na maior cara de pau do mundo e voltam para dentro do carro. Fomos direto para a baixada santista.

Só para constar, até hoje não foi declarado nenhum vencedor. Segundo me contaram, ambos se empurraram e se digladiaram na grama do canteiro central, tanto na ida como na volta.

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